O grupo completa 11 anos, e isso é só o começo da carreira desses meninos,pois eles tem muito do que comemorar ainda.....!
Em 1998, um passe certeiro após as partidas de futebol jogadas num clube de Santana, na Zona Norte de São Paulo (SP), garantiu a vitória no campo profissional a cinco amigos de infância. Ao se aproximarem dos músicos que tocavam no clube, estes amigos começaram a formar intuitivamente um dos grupos mais bem-sucedidos do pagode universitário, gênero conhecido por misturar influências da música pop com o samba. Nascia ali o grupo Jeito Moleque, atualmente com dez anos de carreira e formado por Bruno Diegues (voz), Carlinhos (cavaquinho e vocal), Felipe (violões, banjo e vocal), Rafa (percussão e vocal) e Alemão (percussão e vocal).
Nos bares da Vida Madalena
O que, de início, era saudável brincadeira começou a tomar forma profissional quando, em dezembro de 1998, após se apresentar em festas de amigos, o grupo passou a tocar aos domingos num bar da Vila Madalena (SP). Já no primeiro domingo a freqüência foi tanta que o estoque de cerveja do bar não foi suficiente para satisfazer o número alto de espectadores – em sua maioria, jovens universitários como os integrantes do Jeito Moleque, que freqüentaram faculdades de Direito, Publicidade, Economia e Turismo antes de se dedicarem completamente à música. E, como o sucesso das rodas de samba se repetia a cada domingo, o grupo foi convidado para ser atração do Capitolium Beer, um bar da abastada região paulistana dos Jardins (SP). Mais noites de lotação esgotada. É quando entra em cena Fábio Ponte, empresário e sócio do Jeito Moleque, considerado o sexto integrante do grupo.
Amizade Verdadeira
Com Fábio no comando dos negócios, a partir de 1999, o Jeito Moleque dá novo passo rumo à evolução profissional. Após passar pela casa The One, o grupo começa a fazer no Image Club, na Vila Olímpia, seus primeiros shows em formato mais tradicional. Em bom português, em vez de comandar rodas de samba sentado na mesa, o grupo passa a comandar o público de pé, nos palcos. Na Vila Olímpia, berço do pagode universitário, o público chegou a reunir na casa Santa Aldeia, nas noites de quinta-feira, públicos estimados em quatro mil pessoas. É quando aparece no repertório a primeira música autoral do Jeito Moleque, Amizade Verdadeira. O próximo passo – fundamental para a expansão do público – foi participar de eventos e shows de axé music capitaneados por nomes como Babado Novo, Chiclete com Banana e Ivete Sangalo.
O primeiro disco solo
Após anos de shows lotados em São Paulo, o caminho natural foi a gravação de um disco – o que aconteceu em 2003. Um CD solo, pois o Jeito Moleque já havia gravado participações num álbum coletivo, Pagode, Cerveja & Feijoada, e numa coletânea da casa noturna Cabral. Sob a batuta do produtor Arnaldo Sacomani, nome já com longa estrada na indústria fonográfica nacional, o grupo gravou ao vivo, em 11 de setembro de 2003, seu primeiro CD, Jeito Moleque, que seria lançado em 17 de junho de 2004 com show no Armazém da Vila, São Paulo. No repertório, as regravações de sucessos de Leoni (Só pro meu Prazer, música hoje muito associada ao Jeito Moleque), Fundo de Quintal e Jovelina Pérola Negra já sinalizaram o ecletismo pop que sempre deu o tom na obra do Jeito Moleque. Se havia um pot-pourri de partidos de alto quilate, havia também um pot-pourri de reggaes como Stir it Up. Essa postura pop seduziu um dos grupos mais tradicionais do samba paulista, o Demônios da Garoa, que convidou o Jeito Moleque para participar de seu primeiro DVD, dividindo os vocais em Saudosa Maloca, clássico do repertório dos Demônios.
No alvo de grande gravadora
Os anos da consolidação da carreira do Jeito Moleque foram 2004 e 2005. Enquanto aumentava o número de shows e de público em 2004, crescia também a execução nas rádios da faixa que dava título ao primeiro CD do grupo, Eu Nunca Amei Assim, que chegou a ficar entre as 10 músicas mais tocadas pelas rádios de São Paulo. E o inevitável aconteceu: o Jeito Moleque se tornou alvo da atenção de uma grande gravadora multinacional, a Universal Music, líder da indústria fonográfica em âmbito mundial. Em janeiro de 2005, o grupo assinaria com a Universal Music um contrato que teve efetivamente início com a gravação, em 12 e 13 de abril de 2005, do CD e DVD Me Faz Feliz, captados ao vivo em show na casa Olympia, uma das mais tradicionais de São Paulo (SP).
Sucesso nacional
O lançamento do CD e DVD (o primeiro do grupo) Me Faz Feliz ampliou a projeção do Jeito Moleque, que, desde então, extrapolou as fronteiras paulistas e passou a fazer sucesso em escala nacional, participando de programas de TV como o Domingão do Faustão – para o qual, a bem da verdade, os cinco amigos já tinham sido convidados quando ainda atuavam no circuito independente. Nada de tão espantoso assim para quem ouve o CD e o DVD Me Faz Feliz, no qual o quinteto regrava um sucesso do grupo Os Titãs, Marvin, e rebobina todas as músicas que já estavam na boca de seu fiel público paulistano. Tanto que a platéia faz coro com o vocalista Bruno Diegues em praticamente todas as músicas. A faixa-título, Me Faz Feliz, foi o maior destaque da gravação ao vivo e repetiu nas rádios o sucesso de Eu Nunca te Amei Assim, hit do primeiro CD do Jeito Moleque, obviamente regravado neste segundo disco para que pudesse ser conhecido pelos novos fãs do grupo, sobretudo os que moravam fora de São Paulo. Me Faz Feliz trouxe também a luxuosa participação de Negra Li, a rapper de São Paulo, com quem o grupo gravou um medley que une Minha a O Mundo É um Moinho, de Cartola (1908 – 1980).
O som do estúdio
Depois de percorrer o Brasil com o show de lançamento do CD/DVD Me Faz Feliz, ao longo de 2005 e de 2006, o Jeito Moleque conquistou o legítimo direito de, enfim, gravar o seu primeiro disco de estúdio. Em abril de 2007, a Universal Music lançou o álbum O Som do Bem, o trabalho mais ousado do grupo. Não somente pelo alto teor de músicas compostas pelos próprios integrantes do Jeito Moleque – sete num total de 13 faixas – mas também pela sonoridade dos arranjos (havia até experimentações com beat box, recurso usado nos discos de rap). Basta dizer que o Jeito Moleque convidou Champignon, músico que ganhou fama nacional ao integrar o grupo Charlie Brown Jr., para participar da faixa Já É, parceria do bamba Arlindo Cruz com Rogê. Todo o repertório de O Som do Bem era inédito – com exceção de Sem Radar, música do repertório de Marcus Menna, eleita para promover o álbum nos programas de rádio e televisão.
Ao Vivo na Amazônia
Ainda em 2007, o Jeito Moleque gravou aquele que é, até o momento, o título mais importante da discografia do quinteto: Ao Vivo na Amazônia, captado em Manaus (AM) em dezembro de 2007 em show feito para público superior a 20 mil pessoas. A idéia de gravar o CD e o DVD na Amazônia foi uma forma de chamar a atenção dos jovens fãs do grupo para a importância das questões ambientais que vêm mobilizando consciências nos quatro cantos do mundo ao longo dos últimos anos. Todo o material gráfico do CD e do DVD foi produzido com papel reciclado – atitude que, a propósito, o grupo já havia tomado desde seu disco anterior de estúdio, O som do Bem. A banda também convidou 50 jovens universitários para atuar como monitores ambientais durante o show.
Com Zeca Pagodinho
Ao Vivo na Amazônia marcou um novo capítulo de sucesso na trajetória do Jeito Moleque. O CD foi lançado pela gravadora Universal Music em março de 2008. O DVD chegou às lojas na seqüência, no mês de abril. Músicas inéditas como Medo de Amar (eleita para puxar o projeto nas rádios e televisões), Pensamentos (de autoria de Felipe), Coração Aberto (de Alemão) e Cada Um no seu Lugar (da lavra de Bruno Diegues) se somaram aos muitos sucessos consagrados pelo grupo como Me Faz Feliz e É Mágica. E um convidado de peso uniu sua voz ao quinteto: Zeca Pagodinho (na faixa Sua Casa Vai Cair). Confirmando o ecletismo pop do repertório do Jeito Moleque, Ao Vivo na Amazônia trouxe também uma releitura de Filho Único, sucesso de Erasmo Carlos, lançado pelo Tremendão em 1976.
Neutro em Carbono
Aproveitando a forte identificação com o público universitário, o grupo Jeito Moleque se engajou de corpo e alma na campanha pela preservação do Meio Ambiente, seguindo o exemplo de bandas como Pearl Jam e Pink Floyd, entre outros nomes de peso do cenário musical internacional. Tudo começou em agosto de 2006, quando o Jeito Moleque recebeu o convite da empresa OAK – Educação e Meio Ambiente – na qual o vocalista Bruno Diegues trabalhou antes de formar o grupo - para fazer um show de caráter ambiental. Nascia o show Neutro em Carbono, que estreou em setembro de 2006 na casa carioca Claro Hall (atual Citibank Hall) com grande sucesso de público (mais de oito mil pessoas). Além de projetar em cena vídeos educativos, o grupo Jeito Moleque se compromete, a cada apresentação, plantar árvores para neutralizar o gás carbônico emitido durante os shows e, assim, não contribuir para a preservação do efeito estufa que vem desencadeando o aquecimento global. Por conta deste primeiro show, por exemplo, o grupo plantou 117 árvores em área indicada pelos técnicos da empresa OAK.
Boa ação ambiental
O plantio das 117 árvores foi somente a primeira de muitas atitudes significativas tomadas pelo grupo para preservar o meio ambiente. No início de 2007, o Jeito Moleque doou 50 mudas de árvores para a Prefeitura de São Paulo, que vem procurando (re)urbanizar o Centro de Sampa. E as boas ações ambientais vêm se estendendo por todo o Brasil. Em julho de 2007, o Jeito Moleque fez mais uma importante ação, realizando o plantio de mudas de Ipê, no bairro de Pedra de Guaratiba, no Rio de Janeiro (RJ), junto com as crianças da Fundação Xuxa Meneghel, localizada neste bairro. Para agosto de 2008, está previsto o plantio de três mil árvores na região de Araraquara (SP). Atualmente em turnê com o show de lançamento do CD/DVD Ao Vivo na Amazônia, o grupo sempre procura divulgar suas ações ambientais nos shows e através de outros canais com seus fãs, buscando multiplicar informações sobre a importância da preocupação com o meio ambiente.
E assim se passaram dez anos. De 1998 a 2008, o Jeito Moleque cresceu e apareceu no cenário musical brasileiro. O sucesso tem se mostrado duradouro, mas, para os músicos, o que vale é preservar a Terra e o mesmo espírito de união que comandava as sessões musicais realizadas após as partidas de futebol naquele clube de Santana. Um gol de placa!